Próximo dos
quarenta anos, eu percebi que acontecera um fenômeno comigo: comecei a olhar
para trás.
Olhei meu
filho com 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19,
hoje, 20 anos... meu Deus, como ele cresceu! O tempo, esse que nada respeita,
ou que nada considera, soberanamente passou.
O espelho,
antes tão querido, passou a me mostrar meu rosto com uma expressão mais
marcada; meu olhar, antes tão leve, ficou pesado pelas pálpebras.
Notei que
minha alma estava cansada do que não havia vivido, e que os projetos velhos
precisavam de um novo alento.
Assustei-me,
quando olhei pra mim, numa corda bamba emocional...
E me vi à
beira do abismo de romper com tudo que eu considerava importante. E meu coração
se agitou frente à ordem bíblica de que não devemos ‘remover os marcos
antigos’.
Eu penso,
não tenho nenhuma certeza, que isso que me ocorreu porque, além de ser algo da
fase do desenvolvimento humano normal dessa faixa etária, foi fruto de uma
pergunta filosófica: O que é a vida? Que, para mim, começou a soar assim – O
que é a vida e qual meu propósito nela? Essa pergunta começou a despertar em
mim uma sensação – mesmo que longe – entranhada – de que a vida é breve, que
não sei quanto tempo tenho, por essa razão não posso desperdiçar nenhum segundo
do tempo que se faz hoje.
O meu-eu de
agora nem quer ganhar o mundo-planeta, deseja mesmo conquistar o mundo-meu-eu
que precisa ser conhecido, desvendado, moldado. É que descobri na alma que o
nosso mundo muda, ainda que o mundo não mude, se a gente decidir não ser mais
vítima da nossa história.
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