Se há algo que dói de forma
capaz de nos transformar para sempre, é a dor do luto. Quem já perdeu uma
pessoa querida, sabe que o ‘nunca vou te ver novamente’ é capaz de nos
transportar para o vazio e nos desestruturar por completo. Muitas vezes
pensamos que jamais vamos ver o sol nascer; o sorriso, antes tão fácil, agora
se perde em meio à angústia que aperta o coração de tal forma que pensamos
‘nunca mais’ saberemos o que é um coração leve.
O tempo, que antes era um aliado, agora parece não passar, mantendo em
nós a sensação de que o desespero é o fim do caminho. As pessoas ao redor,
mesmo aquelas que amamos, não perdem a sua beleza, mas não temos mais energia
para desfrutar delas. O Luto é mesmo uma dor solitária, porque muitas pessoas,
já fragilizadas por suas próprias dores, não suportam a realidade de mais um
sofrimento contra o qual parece que nada se pode fazer.
E viver o luto, como todas
as demais coisas na vida, exige de nós uma escolha, mas, diante dele, quem
força tem? Ele é capaz de nos sugar a profundidade em que por nós mesmos não
ousamos mergulhar, desencadeando outras dores, como por exemplo a dolorosa
experiência dos sintomas depressão.
Trabalhando como psicóloga,
tive que enfrentar esse tema. Eu, até aqui, perdi poucas pessoas. A maior e mais
significativa perda foi do pai do meu filho, o Eliack, meu primeiro marido, a
quem amei muito, e sei que também fui amada. Nós vivemos entre namoro, noivado
e casamento, cinco anos e trinta dias. Então o Senhor da vida permitiu sua
partida. Sua morte me levou ao fogo onde todos os meus princípios e valores
foram passados. E enquanto escrevo esse texto, a impressão que tenho é que ela
forjou em mim uma pessoa que eu não conhecia.
Mas o que tenho aprendido é
que o luto é uma dor que pode ser vencida. E trabalhando com o Humano, descubro
que a vida interna de uma pessoa, aquilo que carregamos dentro de nós, somado
ao que foi implantado pelo Criador em nossas vidas, pode nos levar a
transformar esse inimigo invencível, o luto, em um instrumento capaz de nos fazer,
nas mãos do Autor da Vida, pessoas que tornarão esse mundo bem mais suportável,
porque diante da morte aprendemos o valor da vida. E aprender esse valor é
receber o melhor que a vida pode nos oferecer, porque a vida é o nosso bem mais
precioso.
Por
isso, não se entregue. A dor do luto não é maior do que você, e, ainda que ela
aperte de forma arrochada o seu coração, ela já nos aponta uma realidade
maravilhosa sobre as muitas possibilidades de vencer o luto, ‘é o grande que
abriga o pequeno’. Não é a morte que abriga a vida, é a vida que abriga a
morte, e um dia a Vida vencerá.
Por essa razão, lhe convido
a caminhar comigo nesses próximos dias, em que falarei dessa dor que nos
desafia.
Maravilhoso texto.
ResponderExcluirNossa tia, que bom que leu meu texto, é um privilégio saber que gostou. Você sabe que eu sou sua fã?
ExcluirOlá!
ResponderExcluirPesquisando na internet sobre luto e suas fases, acabei encontrando seu blog. Que grata surpresa! Recentemente perdi minha mãe e tenho buscado meios de superar com menos dor possível esse momento. Seus textos são excelentes e bastante esclarecedores. Estou gostando muito de lê-los. Procurei e encontrei seu perfil no Facebook, e vi que você linka os textos que publica aqui lá na sua timeline. Se puder me aceitar no Facebook, ficaria muito grata, assim sempre terei acesso às suas novas postagens.Grande abraço, Doutora Roseli.