sábado, março 05, 2016
O que é que eu tenho mesmo?
Oh.. morte! Eis um mistério que nos ronda, e, nos levou de forma dolorosa, a nossa Bela, que enfeitava o nosso quintal tanto quanto o nosso olhar. E, ela se foi, depois de alguns dias de muito sofrimento.
Em mim, uma sensação estranha...
a alma silenciou frente aos porquês, acho que ela já aprendeu que o Criador é o Soberano Sustentador, o Legislador que decide por quanto tempo vai manter o que criou. Nisso meu coração descansou.
Mas uma urgência se fez em mim. O que é que eu tenho mesmo?
Quanto tempo? Os que amo estarão até quando?
Meus pés se apressaram, senti um desejo de sair correndo, ir onde a muito tempo me esquivei, pousar meus olhos nos amigos, conversar com o meu pai já tão envelhecido, curtir minha mãe ainda tão pronta para um sorriso, abraçar o amor que está chegando tão forte e tão lentamente, aproveitar o tempo para escrever...
E sem nenhum passo, corri no mais íntimo do meu ser, e me perguntei qual é mesmo a razão para qual quero viver?
E descobri que um nó fez em mim diante da morte, e me estremeci frente a percepção de que laço nenhum é capaz de enfeitar esse momento fúnebre. Porém, o nó que se fez em mim é lembrança, de que o nó que amarra é também o nó que sustenta.
Então, o nó que eu queria jogar no buraco negro, agora é nó que desejo.
É memória do que sou, é certeza do que não tenho, é esperança do laço que será dado porque Aquele que faz tudo caminhar no mistério não revelado.
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