Novamente me olhei no espelho. A costureira entrou na sala com aquele belo vestido nas mãos e, o pouco dourado em suas rosas, parecia brilhar com mais força. Ao despi minha roupa para experimentá-lo, minhas mãos o pegaram comovida. A seis meses atrás não parecia possível que eu fosse outra vez vestir um vestido de noiva.
O vesti com todo cuidado possível, como se fosse a primeira vez, custando conter o sorriso de quem recebe força para recomeçar. E mirando minha imagem refletida no espelho, meus pensamentos visitou os momentos antes vividos. E esse vilão mascarado que é o meu coração, por uma fração de segundo me cobriu de tristeza ao repetir para mim, 'mais uma vez'?
Então encontrei meus olhos no espelho e respondi, 'Sim! Porque não?
E sussurrei sem palavras, 'coração, coração malvado você não irá roubar a alegria do meu presente, eu já aprendi que embora não se apague as histórias vividas, é possível aprender com elas'. Então, a tristeza sorrateira se despediu com a mesma pressa que chegou. Afinal, o que é o passado frente ao presente que posso abraçar?
E frente aquele espelho, vi o sorriso do noivo, senti seus braços e o carinho dos seus beijos, ouvi sua voz tão terna. Confesso, que perdida fiquei na beleza de contemplar as antigas talhas vazias, agora cheias do melhor vinho. Mas, a costureira me retirou do devaneio por ser hora de fazer os ajustes. Era preciso ver novamente o vestido.
Porém não resisti, olhei-me no espelho mais uma vez sorrindo da menina ainda tão viva dentro de mim, festejando com esperança a reconstrução de um sonho que parecia perdido pelas escolhas que um dia fiz.
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