quinta-feira, maio 11, 2017

Ouvi não é pra qualquer um



Quando meu filho era pequeno, sempre ia nas férias visitar seus parentes em São Paulo. Eu ficava um pouco chateada ao perceber que ao entregá-lo para a aeromoça, ele seguia para o avião sem olhar para trás e ainda me acenava um tchau  de costa. Pensava, 'nossa será que ele não vai ficar nem com saudade?' 
Por muito tempo guardei aquele incômodo comigo ao ir ao aeroporto, porém, certo dia, decidi perguntar o porquê não olhava para trás para se despedir de mim, 'não iria sentir saudade?'
Ele me respondeu, 'mãe, da senhora eu tenho saudade, mas eu tenho tanto medo de perder o avião'. 
Ufa, que alivio!!!  Era só a ansiedade da viagem,  afinal, ele achava sensacional andar de avião. Naquele dia aprendi com meu filho que a única forma de resolve questões assim é conversando, ouvindo o que o outro tem a dizer para não seguirmos incomodados, ou quem sabe muitas vezes chateados por não entendermos a atitude do outro.

Você já pensou em quantas coisas que não compreendemos sobre o outro, e seguimos levantando suspeitas que não têm nenhum fundamento?
Já pensaram em quanta coisa ruim teria acontecido se Israel tivesse entrado em uma guerra desnecessária só por não ter ouvido o porque as tribos de Rúben, Gade e Manassés tinham construído um altar junto ao Jordão?
Diz a história que eles entenderam que seus irmãos estavam se desviando do Senhor, e essa percepção fez nascer no coração deles uma disposição para guerrear, levando-os a se reunirem em Siló com essa intenção. Contudo, decidiram ouvir primeiro o que eles tinha a falar, e uma guerra foi evitada (Josué 22:10-34).


Entretanto, ouvi não é coisa pra qualquer um. É uma tarefa de múltiplas dificuldades, onde a capacidade de olhar para o outro, e refletir que ele tem suas razões é exigida. É ter a humildade de assumir que não estamos vendo tudo, afinal, não podemos enxergar a vida através das lentes que os outros usam. 
Mas, por onde anda a humildade? Tenho a sensação que essa virtude viajou para uma galáxia muito distante, e quase não a vemos mais. 
Talvez por isso estamos a gritar as nossas percepções, a falar do que não compreendemos, a guerrear sem nenhuma necessidade.
Que o Senhor nos ajude, como Israel nessa história, a ouvi antes de qualquer ação. Quem sabe assim evitamos muitas guerras.






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