Invisível? Ninguém devia ser!

Ao entrar em uma loja com o meu marido em um final de tarde, cansados, desejávamos encerrar aquele dia com esta última compra. Ficamos ali vendo os produtos, e embora os vendedores estivessem desocupados, fomos tão ignorados que pensei ser invisível.

Perguntei para o meu marido: ‘Estamos com cara de pobre?’ Meu marido sério e indignado me olhou dizendo: ‘Vamos sair daqui agora’. Sendo ele negro, sabe quando a discriminação se apresenta. E, não acostumada com a pobreza da alma daqueles que fazem diferença entre os seres humanos, sai consternada.

Descobri, o já descoberto, que ser invisível dói!

Tal foi a indiferença daqueles vendedores, que tomamos a decisão de nunca mais pisar lá. Mas, fiquei encafifada com aquele tapa que recebemos sem luva de pelica.

Afinal, quem tem o direito de negar ver o outro a sua frente? Ou de tentar produzir a falta de identidade, roubando o valor do humano, por causa do seu bolso ou da sua cor?

Provei uma gota do racismo que meu marido sofreu a vida inteira.

Fiquei ainda mais sua fã. Ele é mesmo um vencedor, pois não se deixou dominar pelo gosto da solidão do Ser não aceito.

É mesmo uma tragédia o preconceito!!!