terça-feira, julho 04, 2017

Uma carta para o Eliack que vive em minhas lembranças



Eliack,

Certa vez, uma grande amiga me perguntou, ‘como eu imaginava que seria a nossa vida juntos, se você não tivesse partido tão cedo para o céu’. Confesso, que poucas vezes pensei nisto, talvez, porquê as doces e gostosas lembranças do que vivemos, tomaram o meu coração de tal forma, que não me ocupei de um futuro não vivido.


Mas, hoje, eu acordei pensando em muitos momentos, os quais desejei intensamente a sua presença. Lembrei-me do Arlen ainda bem pequeno não querendo ir as reuniões dos pais, das suas festas de aniversário, do acampamento que ele voltou dizendo que queria ter um pai como seus amigos de igreja, da sua primeira formatura na quarta série, da competição de karaté que participou no ginásio olímpico, do seu primeiro trabalho no programa jovem aprendiz - que quase me deixou maluca por suas crises de choro, porquê não queria trabalhar, mas, isto passou, graças a Deus, hoje ele é um homem trabalhador.

Ele, o Arlen, se parece com você, é um homem bonito, e pela bondade de Deus, sempre tão saudável. É verdade que não gosta de estudar, mas é muito inteligente, e quando decidir, será o que quiser ser. Ele é a nossa herança! E, o Senhor da Vida, que nos presenteou com sua vida, é o mesmo que o conduzirá conforme a sua vontade. Por muitas vezes, quando o olho, penso o quanto você teria gostado de vê-lo crescendo.

Sendo o nosso único filho, O Arlen, mesmo sem querer o mantém vivo em minha memória. Ele se parece muito com você! E mesmo tendo convivido apenas dois anos e oito meses ao seu lado, têm tanto dos seus gestos, sua forma de olhar, de rir, que eu ficava no início da sua adolescência, impressionada, agora, me acostumei.

Lembrei, também, da formatura da faculdade de psicologia, do dia em que o meu primeiro livro chegou em casa - pensei que iria derreter de tanta alegria, e do culto de lançamento que foi uma festa. Eu sei que você gostaria de estar nestes dias, porque o tempo que compartilhamos juntos,  sempre me desejou todo o bem.

Hoje, você completaria 54 anos. É estranha a morte. Se para onde foi o tempo não é contado, então, tem ainda seus belos 35 anos? Penso em cada coisa... quanta especulação da minha parte diante de tanto mistério.

Nestes quase dezenove anos de sua partida, eu passei por muitos momentos, lugares, situações. Fiz escolhas certas e erradas, mas, desde que você se foi, estes dois últimos anos, foram os mais felizes que vivi.

Quando partiu eu tive tanto medo da vida, mas o nosso Deus, numa manhã em que a angústia me apertava o peito, me disse que o meu marido tinha morrido, mas o meu Pastor, Ele, estava sempre comigo.


Contudo, suas lembranças, sim, elas seguem comigo, no sorriso do Arlen, nas fotografias guardadas nos álbuns na estante, e na memória. E como é bom tê-las. Elas me dizem que a vida vale a pena, ainda que a gente perca.

Bom, eu acho que está carta está ficando muito grande, preciso terminá-la.

Eu já ia dizendo, ‘fica com Deus’, entretanto, que bobagem! Você, Eliack, já está na morada que Jesus preparou, que coisa maravilhosa!!! Eu sigo na certeza de que também, um dia, ocuparei a morada preparada para mim.

A Ele, toda honra e toda glória, por sua tão grande salvação.

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