Ela chegou de cabeça erguida. Seus olhos estavam fixos em algum lugar do presente, e foram suas palavras que me fizeram saber o estado da sua alma.
"Doutora, não cheguei onde queria, mas preciso chegar em algum lugar. Tenho medo do abandono dos sonhos, mas estou fazendo o que entendo ser importante para manter a vida..." E assim nossa sessão prosseguiu.
Seu rosto mostrava a serenidade da alma que aceitou as limitações, ao mesmo tempo em que viu suas possibilidades. E depois de tantos anos na corda bamba entre o querer e o possível, encontrou o lugar da realidade.
Estar no presente não é apenas prestar atenção no momento de agora, é também, viver como que se têm. É descobrir no possível a construção sólida pra vida que precisa ser mantida, sem perder o rumo porque o sonho não se realizou.
A vida é mais do que qualquer sonho.
E ainda que o querer não se construa, nesta vida onde não se controla o rumo dos ventos, é preciso perceber que o possível, é a regra para manter o bem mais precioso que temos, a vida.
Eu sai daquela sessão compreendendo o que eu já achava saber.
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