Oi gente, é quarta. Sigo falando sobre o Perdão.
O perdão pode ser uma viagem cujos trechos se faz necessário seguir sozinho porquê tem gente que não reconhece nunca onde errou.
Tantas vezes humilha na intimidade e na presença de outros. Depois chora, pede desculpa, mas, amanhã volta a fazer tudo de novo... Perdoado é mil vezes, mais mil vezes insiste em cometer o mesmo delito. Tantas vezes por medo de perder muda por algum tempo... Mas, como vão rápido as estações, assim suas intenções se dissipam. Tantas vezes sabe que necessita de ajuda para vencer a violência que o domina, porém, não dá passos em busca de ajuda. Vivem como se jamais as pessoas fossem desistir.
E tem aquelas que não respeita o corpo de uma criança... Que rouba os seus pais, e ainda diz que é pra ajudá-los... Que trai descaradamente sem se importar com a dor do outro que um dia confiou em seu amor... Que mata e desdenha da dor dos que ficaram... Que estrupa e argumenta ter sido provocado pela mini saia... Que bate todas vezes que se irritou...
Definitivamente, nesses casos, perdoar não é se expor ao ofensor diário que acredita ter alguma razão. Porém, nesse nosso tempo onde impera o individualismo, é preciso compreender que o não con-viver deveria ser uma via pouca conhecida, quase nunca transitada. Os pés criados para caminhada juntos, só deviam se separar se não houvesse mais nenhum outro caminho. O desprezo da companhia, ainda que se teime crer que não, esvaziará a vida em alguma medida. É no encontro com o outro que a gente se completa. Mas, tem gente disposta a não perdoar.
Normalmente gente assim, só aguenta quem a satisfaz o tempo todo e em todo o tempo. Se magoada nunca se recupera. Está escondida atrás do fino vidro do "eu tenho razão". E a razão, embora pareça segura, não é capaz, por si só, de suportar os peso das diferenças.
Gente assim, não só pisa na terra da inimizade, lá plantam seus pés a se alimentar da seiva que nutri o ódio. E o ódio pode ser uma fruta passível de ser degustada lentamente...
O triste é o que se perde... Os olhares não vistos, risos não compartilhados, a fazer "comum", o lugar vazio na mesa do café da tarde, na falta das reuniões alegres de família.
Ah... A terra da inimizade não deveria existir.
O não conversar não devia habitar as relações mais próximas... É mesmo triste as pequenas mágoas que consegue levar o outro para tão distante. Onde a vitória da intolerância deixa de ser turista e passa a ser moradora amada. Onde o silêncio grita: Tô nem ai. Onde irmãos não se importam mais. Onde a educação não encontra mais o lugar do bom dia. Infelizmente.
E o mundo on line nos sinaliza o que vivemos no concreto do dia a dia, quando o outro é bloqueado, não mais seguido, não mais curtido. Se pensa diferente é briga certa e palavras não necessárias são escritas sem nenhuma consideração.
E neste mundo do descartável, o outro perde seu espaço e valor tanto quanto qualquer copo de plástico. É a dureza do coração na sua mais sofisticada versão.
Mas, eu insisto. Somos chamados a viver nas relações. É no encontro com os pais que os filhos se formam. Na rivalidade sadia dos irmãos que a gente aprende a lidar com a competição sem destruir o outro. É na amizade que a gente descobre outras lentes para olhar para o caminho. São os colegas de trabalho o suporte para o trabalho que fazemos. São os tios, os primos, em qualquer grau, a alegria da festa. São os colegas de escola companheiros de um tempo que será sempre lembrado. São os da mesma fé a força para a remoção dos obstáculos do caminho. E sem gente a vida não é.
Se perdoar é preciso não se esquive atrás de desculpas que não explicam nada para a alma que foi criada para as relações.
Perdoar é decidir ter flores e cores de todos os tamanhos nesta imensa jornada que é a vida. E vale a pena deixar pra lá as pequenas mágoas e voltar a estrada com companhia.
Roseli de Araújo
Psicóloga clínica
Atendo atualmente no Instituto Eu Psicologia & Autoconhecimento
Contato para agendamento (62) 982385297
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigada pelo seu comentário