É quarta. Sigo falando sobre o ciúmes.
Desde a primeira infância, para o humano
sentir-se amado, carece da aprovação daqueles que receberam a missão de cuidar dele.
Esta confirmação somente chega quando o amor é revelado nos cuidados do dia a
dia, no olhar atento às suas necessidades físicas e emocionais.
Entretanto, por razões tão distintas
quanto a própria diversidade da vida, se estas necessidades não são supridas, a
criança pode crescer acreditando ser uma pessoa sem valor, má, difícil de ser
querida, crendo ser um peso e não uma benção, o que pode ser devastador para a
construção da autoestima, afinal, sentir-se amada é uma necessidade tão básica
quanto se alimentar.
A sensação amarga do não gostar de si
mesmo, de não se vê com bons olhos, de desconfiar que não é o que deveria ser,
faz brotar a terrível ideia do não merecer o melhor da vida, de ter nascido
para ser infeliz. Se conquista algo, pensa que é só uma questão de sorte, e
certamente com o tempo vai perder.
Ao ter esta percepção de si, o humano
desenvolve uma defesa emocional contra a angústia de não ser amado, a qual
produz uma dor que muitas vezes é sufocada, reprimida, e que se manifesta nos
mais diversos sintomas, e o ciúme adoecido, que nasce para controlar, sufocar,
manipular, pode ser um deles.
Se o coração se esvaziou do amor por si
mesmo por não sentir-se amado, então agora reina a famosa e cruel baixa estima,
a qual tem o poder de fazer nascer o ciúme.
E sendo soberano sobre as emoções, dará ordem para que se mantenha
sempre presente o medo de perder, a raiva de não ser amado como deveria, a
ansiedade de tentar fazer com que o outro supra suas necessidades, a
insegurança de não conseguir manter o que se quer e a sensação de ser muito
menos do que é.
Neste cenário emocional, as relações
amorosas correm o risco de se tornar palco para que as dores sejam revividas. O medo de
perder o que se tem, a desconfiança
de que é realmente amado pelo parceiro, o desejo de controlar o comportamento
do outro para não perder, a ideia de que o passado está presente, fazendo com
que a pessoa não suporte as lembranças dos ex-parceiros, estejam eles vivos ou
mortos, sinalizam que a relação está fadada a cenas trágicas, onde
perder se torna profecia a ser cumprida.
O problema é que nem sempre os
sentimentos são assim tão claros.... Na maioria das vezes o ser humano nem se
dá conta da bagagem que traz. Ainda que sinta-se o tempo todo frustrado com o
que ver em seu relacionamento, não se dá conta que tudo existe apenas em sua imaginação
e faz com que o parceiro se torne réu do que não aconteceu.
Brigas intermináveis passam a ocupar um
tempo extenso e precioso da relação. Ao invés do abraço, o solavanco, a tomada
do braço, as mãos a virar o rosto. No lugar do beijo, a fala sem piedade ao
emitir julgamentos, gritos. O olhar de amor, fica sempre ofuscado pelo brilho
da raiva de não ser amado como acredita que deveria ser.
É preciso se dar conta desta realidade,
reconhecer que é urgente fazer as pazes com o passado, elaborar as dores
vividas e seguir com a certeza do seu valor, para que o ciúme adoecido não mate
a relação que tanto deseja preservar.
Se isto ocorre com você, tenha coragem
para confrontar o que lhe rouba a vida que quer viver, aprenda sobre você e se
dê o direito que todos os humanos têm, de ser felizes. Afinal, o Criador e Sustentador
de todas as coisas lhe diz:
“Eu é que sei que pensamentos tenho a
vosso respeito, pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que
desejais”.
Creia.
Semana que vem seguimos falamos sobre as
causas do ciúme adoecido. Espero por você.
Roseli de Araújo
Psicóloga clínica
982385297
Muito bom,obg
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