No ventre da mãe somos tecidos. E a trama de nossa
existência segue demandando infinitos cuidados até alcançarmos a nossa
independência, seja ela física ou emocional.
Sendo a mãe quem gesta, dar à luz e amamenta o bebê, o
vínculo entre eles parece ocorrer naturalmente. Porém, o que faz o vínculo entre
mãe e filho se estruturar é o tempo que a mãe se desdobra para atender as
necessidades do bebê. Normalmente, é ela quem gasta e se desgasta neste cuidado
integral do recém-nascido.
Sabemos que houve mudanças, e hoje, o pai se envolve mais
com o nascimento dos filhos. Entretanto, ainda prevalece a ideia do pai como
figura secundária no cuidado direto com o recém-nascido, sendo muitas vezes
desmotivado pela mulher, família, e pasmem, até por profissionais da área da
saúde.
Esta ideia de que o homem nada tem a acrescentar ao bebê
em seus primeiros meses de vida, pode fazer com que o vínculo pai – filho
ocorra de forma de mais lenta, gradual. Entretanto, quando o pai se envolve com
os cuidados do bebê, tais como: trocas de fraldas, banhos e mimos, o bebê
aprende a reconhecê-lo. Em contrapartida, o pai, ao ser reconhecido pelo filho,
poderá ter mais motivação para desenvolver com ele uma relação mais próxima,
mais íntima e mais afetiva.
No sistema familiar, a mãe é sempre a figura da casa, do
confortável, do acolhimento, e ao nascer o bebê se vê um com ela. Todavia
quando o pai se faz presente, proporciona a criança a oportunidade de conhecer
um mundo maior do que o estabelecido entre ela e sua mãe. Quanto mais contato
entre pai e filho, mais a criança se organiza do ponto de vista psíquico para
interagir com a realidade de que o mundo é muito maior do que o percebido.
Assim, a mãe nos mantém em casa, em família, enquanto o pai nos leva para fora,
para o social.
Na relação próxima e afetiva com o pai, o recém-nascido
tem mais possibilidade de adquirir confiança em si mesmo, permitindo que a
transição da casa para o mundo ocorra com menos conflitos internos. Pois, ao sentir-se
seguro, terá mais capacidade de explorar o mundo a sua volta e de lidar com
outras pessoas. Assim começa o seu preparo para a vida em sociedade.
Também, é na relação com o pai que seremos capacitados a lidar
com a realidade, o que nos ajudará fazer as escolhas que nos serão exigidas ao
longo da vida.
Mas, falaremos sobre isso na próxima quarta.
Aguardo você.
Roseli de Araújo
Psicóloga clínica e escritora
Referência:
1. 1. Benezik, Eduleine Belline Peroni.
Revista Psiopedagogia. Artigo A importância da figura paterna para o
desenvolvimento infantil. Paginas 67 a 75. 2011;
2 2. Siva, Air Vieira da. Artigo O papel do pai na sociedade contemporânea.pg.57-66;
3 3. Matos, Mariana Gouvêa de Matos; Magalhães, Andrea Seixas; Carneiro, Terezinha Féres; Machado, Rebeca Nonat. Artigo Construindo o vínculo pai-bebê: A experiência dos pais.pg.261-271.
4 4. Gomes, Aguinaldo José da Silva; Resende, Vera da Rocha. Artigo O pai presente: O desvelar da paternidade em uma família contemporânea.pg.119-125.
5 5. Corneau, Guy. Pai ausente filho carente. editora brasiliense
9. Corneau, Guy. Pai ausente filho carente. Editora
brasiliense.
10. Artigo: O pai presente: o desvelar da paternidade em
uma família contemporânea.
Esta jornada em contato com a realidade do pai e sua importância na formação do humano, é top. Texto introdutório muito bom e desafiador. Parabéns!
ResponderExcluirObrigada.
ExcluirO Pai tem uma força tão grande de forjar caráter em seus filhos de serem pessoas melhores para si mesmo e para o mundo.
ResponderExcluirSim, é importante compreender como, para estimular o envolvimento dos pais com os filhos.
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