quarta-feira, maio 22, 2019

A importância do pai na saúde emocional – O pai e a realidade



Este é o meu filho Arlen com o seu pai Eliack (in memoriam)

Aos seis meses de vida, enxergamos e ouvimos tão bem como os adultos, e é nesse momento que a presença de estranhos pode trazer angustia 1.
Se o pai já estiver inserido nos cuidados do bebê, tanto quanto a mãe, este terá mais condições de reconhecê-lo como uma pessoa distinta, logo, o contato com outros estranhos ocorrerá de forma mais tranquila.
Corneau 2 nos diz que a presença do pai por si só vai ajudar a criança internalizar a realidade que ela não é o único ser no mundo a receber atenção e amor de sua mãe. Dessa forma, o pai, proporciona a aprendizagem do princípio de realidade e de organização no sistema familiar.
Em minha experiência clínica, um dos grandes problemas que posso perceber em meus pacientes adultos é a falta de uma leitura clara da realidade que o cerca. Normalmente estão dominados pela fantasia, o que os tornam suscetíveis a escolhas erradas no decorrer da vida.
De acordo com a psicanálise, a fantasia é sempre uma construção feita a partir da realidade do sujeito, cujo objetivo é a satisfação do seu desejo 3.
A fantasia é um recurso importante na infância, quando a criança ainda não tem condição para compreender a realidade. Todavia, no decorrer do desenvolvimento humano torna-se necessário que a fantasia seja cada vez mais substituída pela realidade.
Enquanto somos crianças, são os adultos que nos ensinam os limites entre a fantasia e a realidade. Por exemplo, se quisermos colocar um dedo na tomada, nos proíbem, dando-nos o limite para que não venhamos nos machucar.
Na vida adulta é esperado que saibamos o que podemos ou não fazer com os nossos desejos e vontades, contudo, se a fantasia domina em algum aspecto, ela não nos permitirá ver a realidade, logo, não conseguiremos fazer escolhas sensatas, o que poderá trazer muito prejuízo ao longo da vida.
Se o pai esteve presente desde a mais tenra idade de forma afetiva, iremos desenvolver a tão importante afirmação de quem somos, a capacidade de descobrir o mundo e nos proteger. Com esses recursos internos teremos mais chances de tomar decisões acertadas em relação a qual profissão iremos exercer e a quem escolher para compartilhar a vida 4.
Sobre isso falaremos no próximo estudo. 
Roseli de Araújo
Psicóloga clínica

Referências:
2. Corneau, Guy. Pai ausente filho carente. Editora brasiliense.
4. Artigo: O pai presente: o desvelar da paternidade em uma família contemporânea.


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