Este é o meu filho Arlen com o seu pai Eliack (in memoriam) |
Aos
seis meses de vida, enxergamos e ouvimos tão bem como os adultos, e é nesse
momento que a presença de estranhos pode trazer angustia 1.
Se o
pai já estiver inserido nos cuidados do bebê, tanto quanto a mãe, este terá
mais condições de reconhecê-lo como uma pessoa distinta, logo, o contato com
outros estranhos ocorrerá de forma mais tranquila.
Corneau 2
nos diz que a presença do pai por si só vai ajudar a criança internalizar a
realidade que ela não é o único ser no mundo a receber atenção e amor de sua
mãe. Dessa forma, o pai, proporciona a aprendizagem do princípio de realidade e
de organização no sistema familiar.
Em
minha experiência clínica, um dos grandes problemas que posso perceber em meus
pacientes adultos é a falta de uma leitura clara da realidade que o cerca.
Normalmente estão dominados pela fantasia, o que os tornam suscetíveis a escolhas
erradas no decorrer da vida.
De acordo com a psicanálise, a fantasia é sempre
uma construção feita a partir da realidade do sujeito, cujo objetivo é a
satisfação do seu desejo 3.
A fantasia é um recurso importante na infância,
quando a criança ainda não tem condição para compreender a realidade. Todavia,
no decorrer do desenvolvimento humano torna-se necessário que a fantasia seja
cada vez mais substituída pela realidade.
Enquanto
somos crianças, são os adultos que nos ensinam os limites entre a fantasia e a
realidade. Por exemplo, se quisermos colocar um dedo na tomada, nos proíbem,
dando-nos o limite para que não venhamos nos machucar.
Na
vida adulta é esperado que saibamos o que podemos ou não fazer com os nossos
desejos e vontades, contudo, se a fantasia domina em algum aspecto, ela não nos
permitirá ver a realidade, logo, não conseguiremos fazer escolhas sensatas, o
que poderá trazer muito prejuízo ao longo da vida.
Se o
pai esteve presente desde a mais tenra idade de forma afetiva, iremos
desenvolver a tão importante afirmação de quem somos, a capacidade de descobrir
o mundo e nos proteger. Com esses recursos internos teremos mais chances de
tomar decisões acertadas em relação a qual profissão iremos exercer e a quem
escolher para compartilhar a vida 4.
Sobre
isso falaremos no próximo estudo.
Roseli de Araújo
Psicóloga clínica
Referências:
2. Corneau, Guy. Pai ausente filho
carente. Editora brasiliense.
4. Artigo: O pai presente: o desvelar
da paternidade em uma família contemporânea.
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