Existem
pessoas que vão para o mundo do trabalho, mas não dão continuidade por
acreditar que são incompetentes. Normalmente, essas pessoas sentem que são uma
farsa e temem serem descobertas. Outras pessoas são habilidosas e ao entrar no
mercado de trabalho logo se dão bem, porém, ao imaginar que poderá ser demitida,
pedem demissão antes que aconteça. Outras pessoas são reconhecidas competentes,
elogiadas, porém, não crêem no valor do seu trabalho e passam a viver a
angustia de não se sentirem adequadas, vivendo muito aquém do que poderiam
realizar.
Viver
com a sensação de ser incompetente, uma farsa, não ter inteligência o
suficiente para realizar uma determinada tarefa, é uma experiência emocional
dolorosa, capaz de levar a pessoa a viver uma história de frustração constante
na vida profissional.
Normalmente
quando investigamos suas vidas, descobrimos que o pai o qual conviveram não foi
capaz de lhe ajudar a estruturar a confiança em si mesmo. Faltou o olhar, a palavra de afirmação, o
abraço do estou aqui, os aplausos de quem estava feliz ao ver o progresso.
Esses pais podem ter ficado ausente por alguma condição que a vida impôs. Ou
presentes, porém, indisponíveis para o relacionamento. Sendo frios,
indiferentes, autoritários e sem afetividade.
Para
a criança o pai não tem que ser perfeito, tem apenas que ser capaz de dar
atenção e de se interessar pelo que ela faz. Mas, quando ele não está
disponível, vai faltar-lhe suporte para enfrentar o mundo.
Eu
sempre quis escrever, aos 11 anos, meu pai, soube que eu rabiscava meu primeiro
romance. Lembro do seu olhar de indiferença e das suas palavras ao me dizer
para não perder tempo escrevendo, pois só gente inteligente escrevia livros.
Quando tentei meu primeiro concurso público, repetiu novamente que só gente
inteligente conseguia passar, e quando lhe falei do meu desejo de ser psicóloga
e minha tentativa de vestibular, novamente repetiu seu discurso.
Suas
palavras por anos foi cova a sufocar os meus sonhos profissionais. Tentei
escrever algumas vezes ao longo do caminho, mas os meus escritos eram por mim
sempre abandonados. Por muitos anos carreguei uma ideia fixa de que não seria
profissionalmente bem-sucedida e vivi a angustia de ser reconhecida capaz sem
me sentir capaz.
Recuperei
meus sonhos profissionais só depois de muitos anos fazendo psicoterapia, e fiz
a tão sonhada psicologia. No final do curso, fui estimulada por uma professora
(a qual eu admirava) a resgatar o sonho de escrever. E quando peguei meu
diploma de psicóloga, tão feliz fiquei que prometi a mim mesma que me daria a
alegria de ver um livro publicado.
Tive
a alegria de escrever já dois livros, o ser
crente e ser humano e o preço da
perfeição. Atualmente preparo as crônicas da academia. Tenho na escrita e
na psicologia as minhas grandes paixões. Porém, muitas vezes me pego olhando
para trás e me pergunto: Quantos livros eu teria escrito se não fosse aquelas
palavras? Não sei!!! Contudo, agradeço a Deus por ainda
ter tempo de escrever livros.
De
uma coisa não tenho dúvida, o propósito da existência, passa pelo
desenvolvimento das nossas capacidades e a realização dos nossos sonhos. E
viver sem acreditar que somos aptos é como entrar numa estrada vazia onde nos
revestimos do deixar de ser.
O
pai disponível, não o pai perfeito, é tudo que uma criança necessita para
enfrentar o mundo.
Roseli
de Araújo
Psicóloga
clinica
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