Na
arte do fazer para o outro, a sociedade não se desenvolveu com a mesma
velocidade da tecnologia. Pois o humano sempre desejou ser visto, reconhecido,
elogiado, servido, compreendido, perdoado, amado, mais do que esteve disponível
a fazer pelo próximo.
Quando
somos crianças, necessitamos de um adulto que nos dê atenção para nos
alimentar, aconchegar e dar segurança. Porém, na medida em que crescemos, a
expectativa é de sermos cada vez mais independentes e prontos para fazer e não
receber.
Porém,
de forma surpreendente é possível ver adultos a reclamar um olhar, um abraço,
segurança. Muitos vivem a cobrar seus pais, filhos, amigos como se eles ainda
fossem tão pequenos, fragilizados e desprovidos. Desenvolveram-se do ponto de
vista físico, mas agem como bebês. Tantas vezes diante da frustração dão birra
como crianças a reclamar o bico.
Na
clinica, vemos o adulto crescer saudável emocionalmente, quando não tem ninguém
para culpar. Quando abandona a ideia de que alguém lhe deve algo, passando
assumir a responsabilidade pela sua própria história.
Ao
fazer tal malabarismo emocional, o adulto começa a compreender o quanto é
difícil ser humano. Aprende que os pais não são os heróis do cinema, que as
pessoas decepcionam e a injustiça está presente. Compreende as dores paralisantes
vividas por essas realidades e percebem o quanto elas foram capazes de roubar a
sua capacidade (até aquele momento) de fazer da vida uma poesia bonita. Sem
poesia a embelezar, a alma se esvazia de ternura, gerando ainda mais dor,
angustia e tragédia. Então nasce a vítima que fará nascer o culpado, e o
culpado que irá perpetuar a vítima.
Eu
creio que neste ensino, Jesus, com sua lógica objetiva e profunda resume numa
frase o que é capaz de quebrar esse ciclo de vítima-culpado, dando ao humano um
caminho possível para crescer emocionalmente de forma saudável.
Imagine.
No trânsito, se todos nós fizermos aos outros o que esperamos que eles nos
façam, teríamos o mais educado trânsito do mundo. Em casa, as brigas cessariam,
viveríamos a paz tão almejada. No trabalho e na academia não haveria
competição, mas cooperação. Na igreja, ninguém se sentiria discriminado, mas
amado. Na cidade, iríamos poder sair a pé com os celulares nas mãos, a qualquer
hora. Não haveria fome e sede, os ricos dividiriam seus bens. Certamente, em um
mundo onde os adultos emocionais reinassem as necessidades de todos (a sua e a
minha) seriam supridas.
Que as nossas mãos sejam para o serviço |
Não
tenho dúvida que Jesus era um adulto - adulto emocionalmente, pois só estes
podem enxergar as pessoas para servi-las. Do ponto de vista psicológico só
iremos fazer para os outros o que desejamos que eles nos façam, na medida em
que formos capazes de abandonar as necessidades infantis que muitos de nós
carregamos.
Todavia,
na fase adulta, eu e você, temos a responsabilidade de fazer o melhor com o que
recebemos no decorrer da vida. Isto é, se desejamos ser adultos saudáveis
emocionalmente.
Jesus
propõe um caminho nada fácil. Estreito. O qual acredito que vale a pena trilhar,
e você?
Roseli
de Araújo
Psicóloga
clínica
Perfeito.
ResponderExcluirObrigada sempre.
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