quarta-feira, maio 01, 2019

Saúde emocional e os ensinos de Jesus



“Assim, em tudo, façam aos outros o que vocês querem que eles lhes façam”....Mateus 7:7-12
Na arte do fazer para o outro, a sociedade não se desenvolveu com a mesma velocidade da tecnologia. Pois o humano sempre desejou ser visto, reconhecido, elogiado, servido, compreendido, perdoado, amado, mais do que esteve disponível a fazer pelo próximo.
Quando somos crianças, necessitamos de um adulto que nos dê atenção para nos alimentar, aconchegar e dar segurança. Porém, na medida em que crescemos, a expectativa é de sermos cada vez mais independentes e prontos para fazer e não receber.
Porém, de forma surpreendente é possível ver adultos a reclamar um olhar, um abraço, segurança. Muitos vivem a cobrar seus pais, filhos, amigos como se eles ainda fossem tão pequenos, fragilizados e desprovidos. Desenvolveram-se do ponto de vista físico, mas agem como bebês. Tantas vezes diante da frustração dão birra como crianças a reclamar o bico.
Na clinica, vemos o adulto crescer saudável emocionalmente, quando não tem ninguém para culpar. Quando abandona a ideia de que alguém lhe deve algo, passando assumir a responsabilidade pela sua própria história.
Ao fazer tal malabarismo emocional, o adulto começa a compreender o quanto é difícil ser humano. Aprende que os pais não são os heróis do cinema, que as pessoas decepcionam e a injustiça está presente. Compreende as dores paralisantes vividas por essas realidades e percebem o quanto elas foram capazes de roubar a sua capacidade (até aquele momento) de fazer da vida uma poesia bonita. Sem poesia a embelezar, a alma se esvazia de ternura, gerando ainda mais dor, angustia e tragédia. Então nasce a vítima que fará nascer o culpado, e o culpado que irá perpetuar a vítima.
Eu creio que neste ensino, Jesus, com sua lógica objetiva e profunda resume numa frase o que é capaz de quebrar esse ciclo de vítima-culpado, dando ao humano um caminho possível para crescer emocionalmente de forma saudável.
Imagine. No trânsito, se todos nós fizermos aos outros o que esperamos que eles nos façam, teríamos o mais educado trânsito do mundo. Em casa, as brigas cessariam, viveríamos a paz tão almejada. No trabalho e na academia não haveria competição, mas cooperação. Na igreja, ninguém se sentiria discriminado, mas amado. Na cidade, iríamos poder sair a pé com os celulares nas mãos, a qualquer hora. Não haveria fome e sede, os ricos dividiriam seus bens. Certamente, em um mundo onde os adultos emocionais reinassem as necessidades de todos (a sua e a minha) seriam supridas.
Que as nossas mãos sejam para o serviço
Agora, voltando para a realidade, o que torna o ensino de Jesus um grande desafio é o fato de vivermos o imperfeito. O egoísmo domina o humano. A criança prevalece na alma dos adultos.
Não tenho dúvida que Jesus era um adulto - adulto emocionalmente, pois só estes podem enxergar as pessoas para servi-las. Do ponto de vista psicológico só iremos fazer para os outros o que desejamos que eles nos façam, na medida em que formos capazes de abandonar as necessidades infantis que muitos de nós carregamos.
Todavia, na fase adulta, eu e você, temos a responsabilidade de fazer o melhor com o que recebemos no decorrer da vida. Isto é, se desejamos ser adultos saudáveis emocionalmente.
Jesus propõe um caminho nada fácil. Estreito. O qual acredito que vale a pena trilhar, e você?
Roseli de Araújo
Psicóloga clínica

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