“Mulheres de Jerusalém, eu as faço jurar
pelas gazelas e pelas corças do campo: não despertem nem provoquem o amor
enquanto ele não o quiser”.
Cantares 2:7
Agora,
Sulamita muda de interlocutor,fala às mulheres de Jerusalém. Ela faz um apelo.
Convoca as mulheres que empenhem suas palavras em não despertar e nem provocar
o amor enquanto ele não o quiser. Tal é a sua insistência e ênfase que repete
essas mesmas palavras no capítulo 3:5 e 8:4.
Sabemos
que Sulamita vive a feliz experiência de ser correspondida, porém, parece estar
preocupada que as mulheres desejem este amor que ela vive, sem considerar que
ele tem o seu tempo certo para florescer.
De
acordo com a ciência, a paixão por uma pessoa irá alterar todo o seu comportamento.
O Cérebro sofre uma ativação no sistema de recompensa, deixando a pessoa com
mais disposição e energia. O apaixonado também pensa o tempo todo na pessoa
alvo de sua paixão, e se está com ela, quer estar ainda mais. Seus impulsos e
desejos ganham força, fazendo com que a pessoa perca a capacidade de fazer
escolhas a partir da lógica do bom senso, comprometendo assim o olhar
necessário para se tomar boas decisões.1
Por
esta razão, é complicada
a orientação de Sulamita às mulheres, uma vez que a química cerebral é algo
instintivo, contudo, se desde já considerarmos despertar e provocar o amor
apenas quando este o quiser, descobriremos que a razão, o pensar em como vamos
viver a nossa vida e em quem vamos investir o nosso coração, pode nos salvar da
entrega a amores impossíveis.
A
construção do amor romântico em nossa cultura não considera a força da razão. Ensinados
que nada pode resistir ao poder desta química cerebral, logo, somos reféns.
Entretanto, Sulamita ao insistir que as mulheres não despertem e nem provoquem
o amor, nos chama atenção que para ela é possível saber se o outro está ou não correspondendo.
Todavia,
como poderemos fazer isso se estamos vivendo do ponto de vista cerebral uma
alteração que nos tira a capacidade de ver as coisas com clareza?
Sulamita
com certeza já percebeu que as mulheres estão suspirando pelo amor Eros, mas ao
repetir por três vezes que elas atentem para não serem sequestradas por uma
paixão impossível, demonstra crer que se for ouvida, se suas palavras forem
consideradas, as mulheres serão capazes de fazer escolhas melhores para suas
vidas.
Eis
o aqui o que pode dominar a química cerebral: A capacidade de ouvir.
Ouvir
não é tarefa fácil! É preciso humildade para reconhecer que é possível que não
estejamos vendo tudo. Mas, se quisermos ser livres de histórias de amor
sofridas, quebradas, desfeitas, necessitamos ouvir.
Também,
não podemos ouvir qualquer pessoa, é importante ouvir quem nos ama, quem em
nossa jornada nos deseja o bem e nos trata com amizade sincera. É claro que o
mesmo princípio serve para os homens.
O coração deve ser guardado,
diz Salomão em Provérbios 4:23, e quem o guarda é a razão, pois, sendo o amor
Eros tão forte quanto delicado, se não for correspondido pode produzir uma dor
terrível, a qual, pode ser evitada se ele não for despertado e nem provocado no
tempo errado.
O
amor Eros pode ser uma experiência maravilhosa, se o coração for entregue no
momento certo. E a hora certa é quando o amor o quiser. Ele não pode ser
despertado e provocado enquanto não for o seu tempo de correspondência.
Prestemos
atenção em Sulamita. Seu conselho nos livra de dores desnecessárias.
Roseli de Araújo
Escritora e Psicóloga
Referência:
1. PedroCalabrez – Cientista
da Neurovox - https://www.youtube.com/watch?v=Pl0mkIGKZFo
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