Da cozinha da minha casa, avisto o canteiro ainda sem semente a germinar, e ele, me parece cova, a lembrar o fim da jornada.
A terra que o compõe, por um instante me parece impassível e
orgulhosa, a me contar que é chão para os que caminham e fundamento para casas
que se levantam, que é vaso para todas as plantas, abrigo para os animais,
fronteiras para as águas dos rios e mares, sustento para o trabalho que alimenta
a vida.
Fico maravilhada e desnorteada ao mesmo tempo, diante da potente
terra.
Sei que ela, suga o suor do meu rosto e me anuncia seu
triunfo, quando se desfizer do meu corpo.
Confesso que por alguns instantes, o silêncio da esperança
assombra, até que a Vida a mim sussurra, ‘o meu corpo se tornará sustento,
fundamento, beleza e limite, servindo a gerações futuras’.
E naquele dia quando meu redentor me fizer ressuscitar, verei que a esmagadora morte, apenas e tão somente, foi instrumento, a servir a todos os seus propósitos, nesta vida que, hoje, me pareceu tão frágil.
Roseli de Araújo
Escritora e Psicóloga
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