sexta-feira, dezembro 22, 2023

Súplicas de um cuidador 2

 



Não sei bem porquê... Sinto uma tristeza ao despedir de meus pais. 

Na rodoviária, as pessoas desconhecidas me fazem sentir ainda mais sozinha. Quero chorar, mas seguro por estar em ambiente público.

Sem medo, quero apenas compreender o que sinto. Acolho. E percebo a tristeza de saber que um dia não irei vê-los mais. Vejo o futuro, sem querer estar lá. Olhar para futuro me distrai da tarefa do agora.

No hoje, sinto-me frustrada por não conseguir ser paciente o quanto quero ser. Faço o que dou conta, mas não parece suficiente. A culpa emerge quando percebo que ao estar longe, quero ficar perto, se estou perto, quero estar longe.

Estar longe, ajuda a distrair do que precisa ser feito. 

Estar perto, parece exigir carregar um peso que julgo não conseguir.

Tomada sou por uma impaciência sistêmica. E como cansa... A crianças deles a reclamar que supramos suas necessidades. Talvez, eu esteja cansada por ser criança a querer ser o adulto, a decidir o melhor para eles.

Complicado lugar é este de cuidar, quando, sem recursos a conta não fecha. E ser o recurso da conta que não conseguimos e nem sempre queremos pagar, não é fácil.

E assim seguimos, ora distraídos, ora pressionados pela realidade que não permite os braços cruzados.

Lembro de Jesus. O que faria em meus passos?

Ele carregou a sua cruz com olhos na alegria que lhe estava proposta. 

Peço ajuda. Quero seguir os seus passos. Peço forças. Sei que Ele pode aliviar fardo.


Roseli de Araújo

Psicóloga e Escritora

Um comentário:

  1. Verdade, isso gera uma dor irreparável, seu texto nos leva a uma realidade incontestável

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