quinta-feira, junho 27, 2024

o que nos rouba a crítica?




               Dizem que existem críticas construtivas. Eu creio. Mas, não sei você, eu as escuto muito pouco.

O que percebo é a constante presença de críticas pequenas e sutis, como cupim em madeira. Um comentário aqui, outro acolá... E de repente, o que pareci tão bom ficou mais ou menos; o mais ou menos, ruim; e o ruim, sem solução; e a casa cai, relações se desmoronam.

O mais terrível é que as críticas que fazemos, na maioria das vezes, não passam de tempo perdido que gastamos com assuntos, os quais, não movemos nenhum dedo para mudar. E o tempo não brinca, antes corre sem nos esperar.

Confesso. Não sei se a crítica leva a paciência embora, ou se a falta de paciência promove a crítica. Todavia, tenho certeza que se alguma paciência for exigida no caminho, a crítica vai destruí-la, por completo.

O grande problema que nem sempre nos damos conta é que ao criticar podemos revelar que somos como aquela mulher que falava das roupas sujas estendidas no varal da vizinha, esquecendo-se de que não havia lavado suas janelas. Tudo que podemos estar fazendo é falando de nós mesmos: nossa omissão, nossa arrogância, nossa falta de sabedoria. Então, por que seguimos cultivando-a como uma bela rosa no jardim?

Desconfio que a crítica pode ser parte da nossa eterna luta para ser melhor em alguma coisa. Vivemos o medo (creio que na maioria das vezes inconsciente) de sermos muito menos do que poderíamos ser. E a crítica pode ser um caminho fácil e rápido para nos fazer sentir especiais.

Todavia, o pior das críticas é que se perde: o melhor das pessoas. Enquanto, o outro perde o melhor de nós. E como é triste ver relações preciosas ou que poderiam nascer serem totalmente arrasadas.

Mas, não precisamos nos manter neste caminho. Jesus mais uma vez nos deu a direção para nos livrarmos desta sutileza que torna a vida azeda. Ele nos diz para não julgarmos1, deixarmos de lado o que pensamos que estamos vendo, andarmos com outro - muitas vezes em silêncio - para compreendê-lo.

Fazendo assim, a vida segue com a possibilidade de ser vivenciada em seu maior encanto: O encontro com o outro.

Sem as críticas pequenas e sutis que não levam a nada, Jesus nos ensina a construir um mundo onde a vida tem espaço para brotar, crescer e florescer.

Roseli de Araújo

Escritora e Psicóloga clínica

Referência:

1. Mateus 7:1-3

 

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