Como um adulto
que esqueceu por completo sua infância, o tempo não brinca de dá tempo.
Acordamos e o
dia parece correr. O final do mês chega. Meu Deus!!! Já é fim de ano. E o tempo
corre sem fazer curva, enquanto nós o vivemos dentro do nosso próprio ritmo.
Por vezes, um descompasso se instala. Mas, o tempo não negocia paradas.
Neste tempo,
que minha mãe partiu, eu estou aqui tentando reorganizar a casa. Descobri que
embora ajude a demarcar o novo ciclo, o que eu trago por dentro é o que precisa
ser mais uma vez reorganizado. O estranho é que nada é mais como antes,
enquanto muita coisa segue do mesmo jeito.
E sem saber dimensionar o tudo que mudou, percebo a presença de
sentimentos novos, nesta casa vazia que hoje jorra a saudade dela.
Na minha busca
de lidar com o que sinto, faço amizade com o tempo. Descubro que o tempo é o
único que lida com dores que só ele pode carregar. E mesmo sendo este adulto
que não gosta de brincar, de dar de si, me carrega em sua viagem sem descanso.
E sigo consolada.
Alegrando-me na experiência de ser abraçada pelo meu senhor e salvador Jesus.
Sei que ele é
o Senhor do tempo. Ele voltará e o seu povo será reunido com ele1. Ele
é o que cria o tempo certo para cada propósito2. Ele é o porto no
qual estou ancorada.
Embora este tempo,
é tempo de lágrimas que correm sem pedir licença, por vezes me incomodando por
não conseguir contê-las, bem sei que nenhuma cai sem a viva esperança a bater
no meu peito.
E faço como
Jeremias diante de uma dor que sangra, trago a memória o que pode me dar
esperança3. E vivo as
palavras de João, o apóstolo, que a vitória que vence o mundo, é mesmo a nossa
fé em Cristo4.
A Deus toda
glória pelo consolo.
Roseli de
Araújo
Escritora e
Psicóloga clínica
Referências
bíblicas:
1.
Apocalipse 22:
2.
Eclesiastes 3:1;
3.
Lamentações de Jeremias 3:22
4. IJoão
5:1-4